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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Mostra lá na Copa o que eu já sei


         A frase da música “Povo Feliz” (Voa, canarinho, voa), da Copa de 1982, na Espanha, abarca uma tese demonstrada no comportamento diário desde a chegada ao poder da seleção petista, não alterada com a posse de bola da presidente Dilma, e na verdade inspirada no esquema tático do “Príncipe”, de Maquiavel.
Inúmeros exemplos comprovam a ineficiência do governo federal em gerenciar, mas craque no marketing de transformar limões, como os graves problemas das estradas, portos e aeroportos, em doces e populares limonadas, não obstante o legado que azeda as instituições e dá passos para trás na democracia brasileira.
            O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, agrupa obras de infra-estrutura, constrói um carimbo, mas não equaciona os gargalos dos projetos. Nesse contexto, as que se referem à Copa do Mundo de 2014 –utilizada no palanque da sucessora de Lula – é a crônica do fracasso anunciado.
            Agora, feito a parte de um contrato que não honrou com seus compromissos – ou não os acordou devidamente –, cede a todas as vontades da FIFA e joga com as leis brasileiras e os direitos consolidados na democracia. Não se trata de viabilizar um acontecimento nacional, como alardeiam, mas de inverter a relação custo x benefício.
            Anular o direito à meia entrada dos estudantes e terceira idade nos estádios da Copa significa ignorar o regime político vivido no país. Tal atitude somada ao silêncio de movimentos sociais como a União Nacional dos Estudantes, a UNE, comandada pelo PCdoB, partido do ministro dos Esportes, simboliza o movimento chefiado pelo PT, voltado exclusivamente a um projeto de poder.
             Muito mais do que pagar ou não o ingresso inteiro para assistir a uma partida futebol, debitam-se de nossa conta as conquistas democráticas de uma nação que a duras penas viveu e superou uma ditadura militar. Se compararmos nossa trajetória republicana a de um campeonato de futebol, estamos levando gols. Reagir é preciso. Todos nós estamos indignados. Não podemos aceitar que em nome de um evento "especial", tirem o pouco que temos.
Márcio Ferrazzo é assessor da Juventude da prefeitura de Jundiaí e Eusébio Pereira dos Santos é diretor do Centro Educação e Lazer para Melhor Idade (CELMI)

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