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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pautados pelo atraso

O programa CQC, da TV Bandeirantes, perseguiu nesta semana o deputado federal Sérgio Moraes, que declarou recentemente se lixar para a opinião pública.
Relator do julgamento do comparsa Edmar Moreira – dono de um castelo milionário e contratante da própria empresa de segurança com verba pública –, não se utilizou da mesma sinceridade visceral diante das acusações de possuir casa de prostituição, receptar jóias e ligar para tele-sexo com conta paga pelo povo!
O único argumento do deputado foi acusar o repórter de “viado” e sair correndo dele pelos corredores do submundo. Mostrou a cara do atraso da política brasileira, que substitui a discussão sobre temas importantes como o avanço dos direitos civis por escândalos de corrupção e desfaçatez nas pautas da mídia.


Visões urbanas
Ilustrador: Insane
Contato: inn165@hotmail.com
Flickr: http://www.flickr.com/photos/insaneone

Sem credibilidade não se muda o país

Ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional reclama do excesso de medidas provisórias (MPs) enviadas pelo presidente da República, cada vez mais gera motivos para cair no descrédito junto à opinião pública.
É certo que as MPs trancam a pauta e atrasam a votação dos projetos dos parlamentares, mas cada vez mais lhes falta credibilidade para mobilizar a sociedade em torno do avanço da democracia brasileira.

Em fase de crescimento

A ditadura militar retrocedeu no processo de amadurecimento da nossa democracia. Além dos ativistas políticos eliminados, muita gente boa, como observou o jornalista Paulo Francis no livro “Trinta anos esta noite”, simplesmente deixou a política e enveredou para o setor privado por medo de morrer.
José Sarney, que pertenceu ao partido da ditadura e assumiu a presidência com a morte de Tancredo Neves, hoje preside o Senado com o apoio de Lula, o operário eleito para “mudar tudo isso”.
A União Nacional dos Estudantes (UNE), que ajudou a cassar Collor, hoje senador e beneficiário de acordos com Sarney e Lula, foi tomada por partidos políticos escondidos sob bandeiras mofadas e permanece imóvel diante de fatos como o do castelo milionário do deputado Edmar Moreira.

...

Um dos ensinamentos mais importantes dos nossos pais é que confiança se perde uma vez só – e com ela a liberdade. Já na política, para a democracia avançar, se os políticos abusam da nossa confiança, temos que abusar da nossa liberdade.
Não faço apologia, claro, do anarquismo, mas da radicalização da democracia. O parlamento é nosso e nos cabe cuidar dele diariamente por que, como diz o ditado, “é o olho do dono que engorda o gado”.

Ele tem mais atitude!

O deputado federal Fernando Gabeira é um dos raros que se preocupa em provocar discussões que levem ao amadurecimento social. Fala sem pudor de temas como a descriminalização das drogas, legalização do aborto, união civil de homossexuais e meio ambiente – muito antes do assunto virar moda.
Questões que precisam ser excessivamente discutidas, mas que se encontram enroscadas na engrenagem enferrujada da política nacional.

Mau Exemplo local

Um mau exemplo local foi a aprovação pela Câmara Municipal por unanimidade burra do projeto de lei que proibia a distribuição gratuita da pílula do dia seguinte em Jundiaí, na contramão da diretriz do ministério da Saúde.
A pílula, distribuída mediante receita, pode ser comprada livremente nas farmácias por quem tem dinheiro. O Ministério Público impediu que tal injustiça social prevalecesse.

Bom Exemplo local

Costumo dizer que ao eleger o vereador Leandro Palmarini, o do projeto “Bicho Legal”, a população votou no que viu e acertou no que não viu. Não que a causa animal seja uma bandeira menor, mas ele reúne qualificação técnica, humildade e envolvimento com as questões importantes da sociedade para ir além dela.
Recentemente, o PSDB realizou uma palestra com um renomado professor de gerenciamento de cidades. Apesar de filiado ao PV, ele foi o único vereador que permaneceu até o fim e ainda me pediu que lhe enviasse o conteúdo projetado no data-show.

O poder para quê?

Em Jundiaí, pouco se ouve dos pretensos candidatos a deputado estadual e federal em 2010, de todos os partidos, sobre suas propostas.
A população vê no processo de definição das candidaturas uma mera luta pelo poder, em que se disputa o cargo como um objeto de desejo pessoal ou um novo degrau na carreira.

Texto originalmente publicado na coluna Mais Atitude!, que assino aos sábados no Jornal da Cidade.

3 comentários:

  1. Acho esse formato mais interessante, "um tema" que por si só venha a sugerir outros "temas".
    Bem legal, força.
    Abraço.
    Carlitos

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  2. Obrigado, amigos! A ajuda de vocês é fundamental para eu aperfeiçoar a coluna como meio de fomentar idéias. Um grande abraço!

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