Recebi as reflexões do diretor de teatro Carlos Pasqualin sobre a Conferência Livre sobre Segurança Pública que o Conselho da Juventude realizou. Com muita sensibilidade, ele descreve o evento:
Jovens são convidados a discutir segurança. Sábado, dia que eles podem dormir até mais tarde, sair pro futebol, pra paquera, pro sorvete, não sair... dia de descanso, será que haverá público? Sim lá estavam eles, jovens de todos os cantos da cidade. Recebidos por outros jovens que cadastram e orientam os convidados a se acomodarem no Auditório Elis Regina onde assistem a uma palestra sobre segurança muito bem conduzida por dois oficiais da Polícia Militar. Os olhos de curiosidade e receio do tipo, “Que estou fazendo aqui?” começam a ter brilho e entendimento.
Em seguida Clarina abrilhanta o evento com sua voz e violão com sua vez e sua canção, com seu carisma e profissionalismo, ela própria se encanta em perceber o público “jovem” acompanhando músicas dos anos setenta, no mínimo temos aí música boa, que perdurou o tempo e jovens atentos. Ainda ao som de Clarina entra em cena O Performático Éos com o Analfabeto Político de Bertolt Brecht, performance curta, pensada pro jovem em sua carpintaria cênica e dramatúrgica, marcações coreográficas, típicas do grupo, desenharam e convidaram o jovem a refletir sobre o perigo do tema.
Pausa para o lanche. É chegada à hora das discussões, grupos são montados e em salas separadas são orientados, provocados e estimulados a dialogar com as questões de segurança, então aparecem desde a violência doméstica, a das ruas, o não dialogo familiar, a insegurança do “não” no primeiro emprego, os temores da sexualidade, o massacre sensacionalista da mídia, a precariedade na saúde, entre outros tantos assuntos os jovens debatem e montam um documento, orgulhosos por estarem sendo ouvidos e elaborando o que poderá vir a contribuir não só com seu próprio futuro, mas de todo o país.
Momento cultural em grande palco italiano montado na área externa, grupos de jovens, dançarinos, atores, cantores, instrumentistas, performers dividem o espaço e mostram sua arte, às vezes com orientação professoral, às vezes com técnica especializada, vezes com autodidatismo onde o próprio grupo se reúne e monta seu trabalho, grande emoção, me lembrei dos tempos de “teatrinho” na escola, me vieram imagens, de professoras, de locais, de grande euforia em fazer nossa arte, nosso teatrinho, até continuei... Meu maior orgulho em minha pasta de teatro é um certificado de melhor ator no Festival de Teatro da Escola Estadual Professor Francisco Napoleão Maia, situação idêntica a vivida pelos jovens nesse evento.
A minha sensação é que está aí uma proposta que aglomerou pessoas, organizadores, colaboradores, voluntários, artistas, políticos, ONGs, que aglomerou anseios, vontade de um bairro, uma cidade, um Brasil mais receptivo ao bem estar, aglomerou gritos de “eu não to aqui pra sofrer”, aglomerou olhares de jovens que voltam pros seus bairros de origem com a certeza de que um movimento interno aconteceu e sem dúvida levarão isso para o resto de suas vidas.
Parabéns a toda equipe, parabéns Conselho da Juventude!
Parabéns, Márcio Ferrazzo!
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