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sexta-feira, 12 de junho de 2009

A pior das doenças

A revista inglesa “The Economist” desta semana põe o dedo na ferida por onde sangram as oportunidades de desenvolvimento do Brasil: a qualidade da educação básica, tão defendida no discurso e esquecida na prática pelos governantes.
Mostra porque a renda per capita da Coréia do Sul é hoje quatro vezes superior à do Brasil apesar de igual na década de 70. Fere, por exemplo, saber que 45% dos chefes das famílias pobres brasileiras possui menos de um ano de escolaridade.
Já a Veja entrevista o economista americano James Heckman, prêmio Nobel pela criação de uma série de métodos precisos para avaliar o sucesso de programas sociais e de educação.
Ele afirma que cada dólar gasto com educação básica gera dez centavos anuais para o Produto Interno Bruto (PIB) e prescreve: educação cedo, com a participação familiar, custa menos e é mais eficiente. Porém, para tratar tal patologia social é preciso antes curar a miopia de certos políticos.

Visões urbanas
Ilustrador: Insane
Contato: inn165@hotmail.com
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As pedras no meio do caminho

Em debate do ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, atual secretário estadual de São Paulo, com o ministro Fernando Haddad, foi constatado que o despreparo dos professores é uma das principais pedras a serem tiradas do caminho para a melhoria da educação.
Paulo Renato falou da implantação de curso obrigatório, com duração de quatro meses, para todos os professores selecionados em concurso público, medida anunciada há pouco tempo dentro de uma verdadeira cruzada pela qualidade do ensino.
Jundiaí é pioneira na qualificação dos professores, com o um moderno centro de capacitação, localizado no complexo Argos. Logo no início do governo Miguel Haddad, foi anunciada também a implantação de espaço voltado à formação artística dos docentes.

Formar para além do horizonte

O psicanalista Jorge Forbes costuma observar que o mundo atual, globalizado, é o da horizontalidade, em substituição às referências verticais, como a figura do pai, na família, do chefe, na empresa, e do mestre, na escola.
Nesse contexto, é preciso ir muito além dos conceitos pedagógicos, preparar o professor para a diversidade e construir uma relação sem as pedras, frias e imóveis, do medo e da autoridade pela autoridade.

As ideologias no meio no caminho

No segundo ano do ensino médio, tive uma professora que vivia elogiando o ex-presidente Getúlio Vargas. Com emocional viés ideológico, jamais se referia a ele, por exemplo, como o ditador do “Estado Novo”.
Utilizar a educação básica como ferramenta para transformar cidadãos em peixinhos é tática manjada da velha política. O livro “A ilha roubada”, do jornalista Sandro Vaia, mostra, por exemplo, a obsessão do caquético regime de Fidel Castro em catequizar os cubanos.

Com quantos gigabytes se faz uma jangada

O livro de Sandro Vaia fala sobre o blog “Generación Y”, da filóloga cubana Yoani. Apesar da censura, ela encontrou um meio de expressar seu descontentamento com o atraso da ilha. Enquanto milhares de cubanos fogem do país mar afora, ela cruza o oceano embarcada na tecnologia e denuncia a verdade com verve repleta de inconformismo cidadão.

Acende o farol

O projeto “Adote um vereador”, que propõe um farol aos cidadãos para iluminar os mares do legislativo, já sofreu – como no caso do “Generación Y” –, inúmeras tentativas de desqualificá-lo.
Ele consiste no acompanhamento cotidiano dos trabalhos de um parlamentar e a publicação da visão do internauta num blog. Entre as profundezas desse oceano e a terra firme, há muito que nós, marinheiros de primeira viagem, nem desconfiamos.

Mares desfavoráveis para a renovação

A falta de cidadania dos brasileiros reflete não só o desânimo com a política, mas também a baixa qualidade da educação, que poderia formar cidadãos conscientes de que as mudanças nascem da democracia participativa.
Tão difícil quanto educar tarde é consertar políticos viciados. Já a renovação, oxigênio da democracia, se afoga sempre nas mesmas práticas. Em muitas localidades do país, há verdadeiros tubarões com caneta na mão e voto na câmara, perpetuados pelo assistencialismo e plenamente integrados ao sistema.
Disputar uma campanha pela primeira vez, sem recursos financeiros e apenas com a proposição de idéias, é coisa de peixe pequeno, dos quais os tubarões se alimentam.

Tenho muito mais para falar

Nunca escondi de que lado político estou. Sou filiado ao PSDB desde os 14 anos de idade, quando me engajei na campanha à reeleição do prefeito Miguel Haddad. Desde então, pouco tenho feito na minha vida além de mobilizar jovens em torno da renovação tucana – sobretudo de idéias e práticas.
Isso não significa, entretanto, que minha cabeça esteja rendida. Acredito no projeto iniciado por André Benassi e que Jundiaí é boa cidade em função das gestões competentes, mas não vou deixar de dizer o que penso, custe o que custar.
Quando eu estiver errado, me avisem com educação. Já aconteceu e consertei. A coluna, senhoras e senhores, é uma oportunidade para trazer à tona idéias afogadas pela unanimidade burra.

Texto originalmente publicado na coluna Mais Atitude!, que assino, aos sábados, no Jornal da Cidade.

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