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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Do fundo da garganta

Após reflexão sobre a escrita com amigos ontem, acordei com vontade de compartilhar textos antigos. Costumava publicar poesias e contos num site colaborativo muito interessante chamado A Garganta da Serpente (http://www.gargantadaserpente.com/). Fiz uma busca e eles continuam lá. Publico o que talvez valha à pena:

Quando

Numa noite ele a encontra ao luar
Trocam-se olhares
- Sua mão busca a dela
- Sua mão busca a dele
Trocam-se beijos
Nem vêem o tempo passar

Com a promessa de um pra o outro ligar
Eles têm que partir
- O sorriso acompanha a lembrança
Nenhum sabe pra onde o outro vai
Mas levam esperança

...

O telefone pulsava ocupado
- Ela também tentava ligar
De tanto insistir desistiu
- E ele deixou pra outro dia

Um disco ela pôs pra tocar
Ele ao violão recorreu
- Demorou, mas nos sonhos perderam-se

...outros dias tentaram falar:
um dia o telefone tocava e ninguém pra atender
outro dia o telefone ocupado...

Até que abandonaram os pulsos
(a esperança já havia morrido)
Mas há de se entender:
a esperança só morre depois que a lembrança esquece o sorriso sorrindo sozinho.

Fortaleza

Quando a onda se quebra na pedra
O coração bate mais forte
Mas não se rende às pressões...
E mantém trancadas na fortaleza que é
as lágrimas contidas, além do medo da morte.

Insistentemente outra onda se aproxima
Ignorando o peito que grita
- Não tem pena nem de si própria,
que no arrebate se explode as veias,
que dirá do poeta que lhe observa da areia?

...

Mas se nada a faz parar,
o coração resistirá.

e a poesia a sucumbir no mar...

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